Não tem sido uma tarefa fácil trabalhar com Cafés Especiais. Apaixonante sim. Fácil não. Quando fui apresentado ao mundo dos cafés especiais, em 2006, tive a mesma sensação de surpresa que percebo hoje na maioria das pessoas com quem falo do assunto pela primeira vez.
Café Especial? Como assim?
As pessoas não falam explicitamente, mas acredito que pensem o mesmo que eu pensei na época. Café? Café é tudo igual. Pode ser mais forte, mais fraco, requentado, mas, no fundo, é a mesma coisa.
Não é. Fomos, isto sim, acostumados, no Brasil, ao longo de décadas, a tomar qualquer café. Na metade do século passado o café chegou a representar 60% das nossas exportações. Era o nosso “Ouro Negro” que fez tantas fortunas e gerou tantos empregos por aqui. O foco brasileiro sempre foi na quantidade, não na qualidade. Tanto que até pouco tempo atrás a nossa reputação junto às boas torrefações do mundo não era muito boa. Junte-se a isto o fato de que em qualquer área produtora, existem sempre cafés melhores do que outros. Obviamente, não conseguíamos exportar o pior café. Adivinhem para quem ele era (e, ainda é) destinado? Exatamente! Nós somos os fiéis consumidores dos piores cafés do mundo. Mas isto não é um problema. Adicione-se três colheres de açucar (atualmente adoçante) e sirva-o fervendo que as pessoas não conseguirão realmente perceber nenhuma diferença.
Mas, como disse Albert Einstein: “A mente que se abre a uma nova idéia jamais volta ao seu tamanho original”. Da mesma forma, o paladar que experimenta um bom café nunca mais encara da mesma forma o café ruim, queimado, fermentado, velho e impuro que costumava tomar. Não é tão rápido quanto nós, apreciadores do bom café, gostaríamos, mas temos visto crescer uma legião de novos amantes do café, que nos deixa muito animados com o futuro.
Para cuidar da nova fase do café do Feito a Grão também chamamos o Eystein, que não é o Albert nem nasceu na Alemanha. O nosso é norueguês e se escreve assim mesmo: Eystein. Mas isto é assunto para o próximo post.
Marcelo Szporer